terça-feira, 25 de julho de 2006

Guardo

Guardo o teu sorriso dentro do meu coração,
Bem dentro de mim, onde mais ninguém entra,
Guardo os teus murmúrios em cachos de solidão
Que crescem rebeldes quando a noite me enfrenta.
Guardo os teus abraços no céu dos desejos
Que me massacram em silêncio a consciência,
Guardo no peito o mais profundo dos beijos,
O grande labirinto que é a tua essência.
Guardo nas mãos a ternura de um toque
Que na face de espinhos me pousou,
Guardo nos olhos um brilho insustentável,
A loucura saudável de quem amar ousou.
Guardo em sonhos a luz da tua imagem,
A forma perfeita de um ser incompleto,
Guardo na mente o sabor da miragem
Que do escuro ergueu o direito de veto.
Guardo na voz a rouquidão assassina
Que me embala a alma com gestos subtis,
Guardo nos ombros a força que domina
Os brutos pecados de horizontes hostis.
Guardo nos pés os passos serenos
Que avançam sozinhos à procura de alguém,
Guardo no estômago os podres venenos,
A dor mais muda do mais surdo além...




Porque hoje me apeteceu reviver o misto de sentimentos que este poema desperta em mim... porque o escrevi numa altura que não volta mais... e porque é especial para mim... porque foi ele que me levou a ganhar o concurso literário José Gomes Ferreira do ano de 2004... porque, pura e simplesmente, me apeteceu...

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